Hoje, dia 11 de agosto, é celebrado o dia dos Advogados.
Enquanto eu pensava sobre o que dizer ao mundo neste dia, diversos temas iam desfilando em minha mente, como a profissão do advogado, a função social da advocacia, o ideal de justiça – todas questões muito admiráveis.
Não consigo, no entanto, deitar tranquila sobre meu travesseiro diante das ameaças que o Estado Democrático de Direito vem sofrendo no Brasil.
Isso, claro, tem tudo a ver com a advocacia. Em uma “guerra” contra a restrição da democracia e dos direitos, a “arma” mais eficiente é a palavra, a peça chave da advocacia.
Foi por meio das palavras contidas no texto de Armando Sérgio Peres Mercadante, procurador do Estado de Minas Gerais e professor de Direito Administrativo, que cheguei às passagens do livro “A Fala”, do francês Georges Gusdorf, que descreveu a linguagem como utensílio que “fornece a senha de entrada no mundo humano”, pois “a função da palavra, na sua essência, não é uma função orgânica, mas uma função intelectual e espiritual”.
E assim cheguei também aos versos de Cecília Meirelles, no poema Voo, que declamou que “acima de nós, em redor de nós, as palavras voam e às vezes pousam”.
Contudo, em tempos tão caóticos como os quais vivemos, importância de mesmo peso da palavra (ou da fala) tem a escuta, instrumento também essencial ao advogado. Não a audição, função sensorial que permite captar os sons pelo ouvido, mas a escuta empática, que conforme lições de Carl Rogers é “ver o mundo com os olhos do outro, e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”.
No dado momento em que nos querem cassar a democracia e fazer-nos submissos a uma só voz, tem sido papel do Advogado se fazer ouvido, e escutar os demais – para, posteriormente, também dar-lhes voz, de forma genuína, reconhecendo que existem sentimentos em relação ao tema, sem se envolver, ao mesmo tempo em que se coloca no lugar do outro.
Tem sido uma tarefa árdua, e acredito que não só para mim, como também para os demais Advogados que se alistaram como “soldados” nesta “guerra”.
Neste dia, gostaria de parabenizar a todos os colegas “doutores” que têm lutado colocando em prática no “campo de batalha” o seu treinamento estratégico: de ouvir as necessidades emergentes daqueles que precisam, dando ampla interpretação às suas mais diversas realidades em um dado contexto, e por fim atirado para aniquilar a desigualdades sociais, combatendo para ampliação de conquistas para as minorias e concretização de direitos fundamentais.
Parabéns Dra.
Uma das profissões mais lindas e gratificantes é trazer justiça para os vitimados