Pedalando se combate a mudança climática, reconhecem 193 países

*Artigo publicado no Jornal A Tarde em 21/03/2022

Adotar a bicicleta como meio de transporte regular é uma poderosa ferramenta de combate às mudanças climáticas.

Esta foi a conclusão unânime dos 193 países-membros da Assembleia Geral da ONU ao adotarem, na última terça (15), uma resolução encorajando gestores de todo o planeta a integrarem a bicicleta aos sistemas de transporte público em zonas urbanas e rurais.

Com a resolução, os representantes políticos reunidos na ONU reconhecem a necessidade de se aumentar o ciclismo, melhorar a segurança viária, e admitem que promover o pedal ajudará a alcançar o “desenvolvimento sustentável, incluindo reduzir as emissões de gases de efeito estufa”.

A resolução foi proposta pelo pequeno Turcomenistão, país da Ásia Central cujo presidente Gurbanguly Berdimuhamedov é considerado um esportista fanático e tem despejado milhões em infraestrutura cicloviária.

O Brasil – onde a ferocidade do trânsito mata uma média de 32 pessoas por dia segundo o mais recente levantamento do Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito -, não tem nenhuma cidade bem rankeada no Global Bicycle Cities Index 2022.

O estudo é feito anualmente pela seguradora digital Coya, baseada na Alemanha, e leva em consideração as condições para pedalar em 90 cidades de todos os continentes analisando 16 indicadores em seis categorias: clima, uso de bicicleta, segurança, infraestrutura, sistemas de bikes compartilhadas e eventos para incentivar seu uso.

Duas cidades holandesas estão entre as 10 melhores para se pedalar: Ultrecht (topo do ranking) e Amsterdam (em quinto). As outras são as alemãs Munster, Bremen e Hannover (segunda, nona e décima posições, respectivamente); a belga Antuérpia (em terceiro); a capital da Dinamarca, Copenhagen, em quarto; a sueca Malmo, em sexto; Berna, na Suíca, em oitavo. A única cidade fora da Europa entre as top-10 é Hangzhou, na China, em sétimo.

O Brasil só aparece na 76ª posição com São Paulo.

 Em Copenhague, que tem até bombas de ar à mão em dezenas de pontos, mais da metade da população pedala até o trabalho. Além dos 390 km de ciclovias urbanas, há centenas de quilômetros de ciclovias regionais, incluindo uma Cycle Super Highway conectando à cidade vizinha de Albertslund.

Amsterdam, onde (diz a lenda) há mais bicicletas que habitantes, mais de 50% de todas as viagens urbanas são feitas no pedal. Montreal, no Canadá, 16ª do ranking, já construíu 600 km de ciclovias e abriga um festival anual: por três dias somente ciclistas usufruem das vias.

Salvador vem expandindo sua malha cicloviária: são hoje cerca de 310 km de ciclovia, ciclofaixas e ciclorrotas, segundo informação recentemente publicada pelo Itaú, que patrocina pontos de bicicletas compartilhadas na capital baiana. Mas a gestão pública terá que trabalhar um pouco mais duro, ao que parece, se quiser elevar a cidade a um padrão europeu.

*Ludmilla Duarte é Jornalista, Especialista em Direitos Humanos, mestre em Política Pública e Administração pela Adler University (Vancouver, Canadá) e doutoranda em Política Ambiental na Universidade de Nairobi (Quênia). Email: ludmilladuarte@students.uonbi.ac.ke

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