(artigo publicado no jornal A Tarde, versão impressa, em 7 de fevereiro de 2023)
Por meio da plataforma Ujima Timebank, moradores de Boston permutam, sem custos, serviços tão diversos quanto aulas de idiomas, empacotamento de mudança, ensinamentos de cozinha, projetos de jardinagem.
Em Amsterdam, Holanda, a empresa social Fairphone criou um smartphone sustentável, reparável e extremamente durável feito de material reciclável e com cinco anos de garantia, velocidade 5G e bateria de longa duração.
A marca americana de confecções Patagonia inaugurou em 2021 um programa de Take-Back – além de vender roupas usadas, oferece consertos gratuitos tanto em seus próprios produtos como em peças de outras lojas.
Ujima Timebank, Fairphone e Patagonia são iniciativas de um movimento ainda discreto e disperso, mas com potencial para se tornar extremamente barulhento e provocar a ira dos neoliberais: o degrowth, que pode ser traduzido como decrescimento.
Seus defensores rejeitam a crença de que aumento do PIB é sinônimo de desenvolvimento e argumentam que reduzir o uso de recursos e de energia é a única saída para desacelerar as emissões anuais de carbono, reverter a mudança climática e salvar o planeta.
Como afirmou o pesquisador doSustainable Society Institute da Universidade de Melbourne (Austrália), Sam Alexander, “não significa que vamos viver em cavernas com velas.” A lista sugerida pelos ativistas do decrescimento inclui mudar a dieta, morar em casas menores, compartilhar produtos (diminuindo o consumo de novos), reduzir o desperdício, abandonar o transporte privado, esticar a vida útil das mercadorias.
Mais conhecido militante brasileiro do decrescimento, o baiano Felipe Milanez, coordenador da Pós-Graduação no IHAC da UFBa, afirmou em uma entrevista à jornalista britânica Julia Horowitz, do CNN Business que o “amor pelo crescimento é extremamente violento e racista, e apenas reproduz formas locais de colonialismo”.
Em artigo publicado na revista científica britânica Nature, oito pesquisadores do decrescimento da Universidade Autônoma de Barcelona frisam que as economias ricas devem abandonar o crescimento do PIB como meta e propõem um pacote de medidas que inclui melhorar os serviços públicos, qualificar trabalhadores para empregos verdes, diminuir a jornada de trabalho e buscar um desenvolvimento global sustentável: cancelar as dívidas injustas e impagáveis dos países de menor renda, coibir o câmbio desigual no comércio internacional e reorientar a capacidade produtiva para o alcance de objetivos sociais.
Radical e disruptivo, o movimento pelo decrescimento ganha adeptos e se expande: os bancos de tempo baseados nos EUA já somam 500 e envolvem quase 40 mil membros em trocas locais; no Japão, o livro Capital in the Athropocene do professor da Universidade de Tóquio Kohei Saito, trata do decrescimento sob uma ótica marxista e já vendeu mais de 500 mil cópias.
Para desespero dos economistas da Escola de Chicago.
*Ludmilla Duarte é Jornalista, Especialista em Direitos Humanos, mestre em Política Pública e Administração pela Adler University (Vancouver, Canadá), doutoranda em Política Ambiental na Universidade de Nairobi (Quênia) e Redatora SEO deste blog. Email: [email protected]
*Ludmilla Duarte é Jornalista, Especialista em Direitos Humanos, mestre em Política Pública e Administração pela Adler University (Vancouver, Canadá), doutoranda em Política Ambiental na Universidade de Nairobi (Quênia) e Redatora SEO deste blog. Email: [email protected]